Celebrando a primavera e a amizade, o Clube Deauville Portugal viajou, curvando-se nas suas motos, pelo Nordeste Transmontano.

Desde os nossos mais remotos ancestrais, que a divisão do tempo se mantém quase igualzinha à daquele em que foi concebida. No hemisfério norte temos a chamada primavera boreal com início a 20 de Março. Devido à extensão do nosso continente, o aquecimento das águas dos oceanos acontece mais rápidamente, pelo que no hemisfério sul a primavera austral inicia-se a 22 do mesmo mês. É o tempo de rejuvenescimento, dos dias iguais, dos campos se cobrirem de flores, das amendoeiras ainda manterem a flor com a folhinha junto ao seu pedúnculo. É tempo de nos juntarmos e sermos felizes uns com os outros, de dizermos que estamos aqui porque viemos até onde a amizade nos trouxe. É tempo do Passeio da Primavera.

O Clube Deauville associa sempre os seus passeios ao mototurismo e cultura regional. Assim, há sempre quem proporcione visitas inesperadas, de encantos ímpares que não só nos enriquecem, como nunca mais esqueceremos. Os nossos amigos de Foz Côa, esmeraram-se para nos mostrar o melhor das paisagens do Nordeste Transmontano, bem como a gastronomia e tradições associadas à sua cultura. Agradecemos a todos os fozcôenses presentes, especialmente ao Alfredo Antão, pessoa incansável e empenhada, que para além de organizar todo o evento, ainda, nos anima com a sua concertina. Obrigada. Não só a tua família deve estar orgulhosa de ti, nós todos deauvillistas também estamos. A Palmira, sempre com um sorriso naquela cara linda! O Fernando igualmente com o sorriso a embelezar-lhe a cara e com a moto a condizer. Tudo perfeito. Ao Carlos Camelo também agradecemos o empenho e ajuda que deu na organização deste passeio. Entre outros, o Eurico Antão também quis estar presente com a esposa e o carinhoso filho – Telmo Antão. Vim cheia de beijinhos dele. Gostei muito de ti Telmo. És um miúdo especial que nos deste um grande exemplo de bondade e convivência. Os teus pais também só podem ser especiais! Para ti um beijinho de todos nós.

Sábado, encontrámo-nos em Vila Flor, junto à Câmara Municipal, com a presença simpática e atenciosa do senhor Vereador do Turismo – Dr. Abílio. A vila é linda, recheada de monumentos históricos, muitos dos quais não pudemos visitar por falta de tempo. Visitámos a Igreja Matriz, dedicada ao Padroeiro, São Bartolomeu. Trata-se duma construção barroca do século XVIII. A fachada principal tem duas torres. Nas portas laterais temos elementos Manuelinos, como cordas e esferas armilares.

Enquanto um grupo visitava a Igreja, o outro visitava o Museu Dra. Berta Cabral. Aqui, para além da Sala de Arte Sacra, encontram-se muitas outras salas com temáticas diversificadas. Destaco, porém, a Sala Raul de Sá Correia, por conter o Foral de 1286, concedido por D. Dinis e o de 1512 de D. Manuel I, e também a Sala da Biblioteca, que possui cerca de 23 mil volumes, destacando-se O Tombo dos Condes de Sampaio, por ser um dos primeiros livros manuscritos em Portugal é ao mesmo tempo o mais pesado com cerca de 20 quilos.

A hora do almoço chegou e D. Dinis, restaurante típico, esperava-nos numa sala digna do seu nome, igualmente como a gastronomia.

Curvámos em direção a Mirandela. Não consigo descrever-vos as paisagens transmontanas. São totalmente opostas ao local onde nasci, no Alentejo. São colinas a ladearem colinas, outras a enfeitarem-se, não impedindo que a montanha de trás fique no topo da foto. Vales profundos ostentam socalcos que serpenteam as encostas com vinhas, oliveiras ou amendoeiras. Já se viajou por lá com curvas e contra curvas, mas hoje as estradas são boas e os percursos excelentes.

O Museu da Oliveira e do Azeite situa-se em Mirandela, cidade com foral datado de 1250 e concedido por El-Rei D. Afonso III, é considerada como centro da Terra Quente Transmontana. Também, aqui, neste museu, fomos recebidos com primor e simpatia. Tivemos o senhor Vereador da Câmara Municipal do Pelouro do Desporto – Prof. Orlando Pires e o senhor Diretor do Museu – Dr. Armando Graça. A guia foi excelente nas informações prestadas. Por fim, tivemos uma pequena entrevista feita ao Presidente e à Cronista  do CDP, a ser vista oportunamente no canal Ntv. Terminámos a visita recebendo uma lembrança com informações da região, uma garrafinha de azeite e um lanche com chá e torrada com azeite. Foi muito bom e saboroso.

As restantes refeições foram no restaurante Távora, em Mirandela, as quais foram excelentes e em abundância. Foi o local estabelecido para ponto de encontro. Desfrutava-se de uma bonita paisagem sobre o rio Tua que ali passa alargado, em direção ao Porto, devido à junção do rio Tuela e Rabaçal a norte da cidade. O seu célebre repuxo faz-nos lembrar cidades como Genéve.

Domingo, viajámos até à Casa do Careto em Podence. Fomos muito bem recebidos pelo senhor Presidente do Museu – António Carneiro, que nos presenteou com a presença do careto mais lindo da povoação. Sem dúvida que todos os caretos ficaram representados ao mais alto nível com  um careto, cheio de paciência e simpatia disponibilizando-se, sem restrições para fotos e mais fotos e com uma vozinha doce que mal se ouvia por detrás daquela mascarinha linda. Atrás da máscara de couro só podia estar um rosto lindo, e era o do Gabriel Almeida, que se prontificou a retirá-la para o vermos e ouvirmos melhor. Também explicou que a sua máscara não era de lata mas sim de couro por ser menos pesada, já que devia ser mais de uma dezena de quilos que envergava nas vestes e nos chocalhos. Estava vestido de careto a rigor, aquele menino louro, de olhos castanhos de oito anos. Os chocalhos chocalhavam a cada passo que dava. Pena não haver meninas da idade dele para as chocalhar. Ainda pedimos que chocalhasse a Joana Morais, mas ela como é uma fotógrafa a sério, já estava algures para roubar ao pai o melhor ângulo da fotografia. A exposição no interior da Casa do Careto é muito interessante e digna de ser visitada, mas será que vão ter a sorte, que nós tivemos, de encontrar um careto que retire a máscara?

Daqui, fomos, em fila, admirar uma paisagem de renome, nas envolvências  do Azibo, e sua albufeira  e que vale a pena ser visitada – o  Ecopark Azibo, classificado como Paisagem Protegida.

Não podiamos regressar a casa sem visitarmos os nossos colegas do Moto Clube de Mirandela. Como é apanágio de todo o transmontano, fomos recebidos muito bem, com doces e uma bedida a acompanhar. Alguns elementos acompanharam-nos dentro da disponibilidade de cada um.

O CDP orgulha-se em receber bem quem aparece de novo, e mantém essa característica ao longo da permanência de cada um de nós. Todos queremos receber tal como fomos recebidos. Por isso queremos saudar quem se juntou a nós pela primeira vez e desejar-vos a continuação de usufruirem da amizade que se vai construindo ao longo dos nossos percursos. Foram bem-vindos!

A festa foi uma constante, mas o ponto alto foi o concerto gratuíto do Grupo “RéKRéK e KonKertina”. Conseguiram animar e tiveram participação dos presentes com acompanhamento e aplausos. Com o rodar das motos ainda vamos descobrir mais talentos. Obrigada pelo espetáculo. Foi muito bom.

O nosso Presidente, como é hábito, entregou quadros do Clube a assinalar a nossa presença nos locais de visita, museus e restaurantes. Elogiou e agradeceu a presença de todos, nomeadamente o Alfredo Antão e o Carlos Camelo pela organização do passeio, os miminhos da Céu Saruga e os da Zé Banha que ofereceu uma lembraça  a quem tinha comemorado  aniversário, e também o empenho e dedicação da família Morais com as fotos e cobertura do Passeio.

Finalmente, chegou a hora da partida. Cada um para o seu destino. Chegámos a casa contentes por termos participado em mais um evento do clube Deauville, sabermos que todos tinham chegado bem e por termos continuado a fomentar o facto de irmos até onde a amizade nos levar!

Valeu a pena!

Vale a pena, sempre que fazes o que deve ser feito, o de seres e fazeres os outros felizes.                                                         Céu Saruga (2019)